quinta-feira, 24 de março de 2016

Uma Esperança Para o Autismo

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ESPERANÇA




   Uma pesquisa internacional revela que é possível manipular o gene Shank3, associado ao autismo, e reverter a comunicação deficiente ao nível neural, com mudanças positivas no comportamento e, mais especificamente, nas interações sociais.
   Coordenado pelo investigador Guoping Feng, no MIT, nos Estados Unidos, e publicada na revista Nature, o trabalho contou com a colaboração da cientista Patrícia Monteiro, do centro de Neurociências e Biologia Molecular da Universidade de Coimbra.
   Embora as mutações deste gene ocorram em apenas 1% dos casos de autismo e o estudo não tenha sido realizado em humanos, os resultados afiguram-se promissores e podem marcar o início de um caminho para novas terapias de tratamento de circuitos neurais humanos, mesmo quando já se encontrem na fase adulta.


O Cantinho Dos Autistas


Créditos: Artigo retirado da revista Visão 1202

Uma Mente Diferente

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UMA MENTE DIFERENTE


   Em criança, Oliveiros Cristina não falava com os colegas do infantário e, antes mesmo de ingressar na escola, era com agrado que registava de cor o nome das capitais dos países que o pai lhe ia mostrando.
   Tinha 11 anos quando recebeu o seu primeiro computador e formou-se como engenheiro de software, tendo concluído o mestrado com a honrosa média de 17 valores.
   Nunca se sentia sozinho, bastava-lhe ter livros e viajar.
   Não fosse a dificuldade em socializar, que o fazia sentir um ET, e nunca teria pedido ajuda especializada, aos 30 anos, altura em que confirmou o diagnóstico.
   O que o perturbou realmente foi a forma como o viam no meio académico e profissional. " No primeiro somos detestados por termos as melhores notas e nas entrevistas de emprego essa parte importa menos que as competências sociais." admite o algarvio, na sessão em Face Time, realizada a partir de sua casa, em Galway, na Irlanda, o país onde acabou por encontrar a sua realização profissional. Há um ano chegou a realização pessoal, quando casou com a luso-brasileira Michele, uma fisioterapeuta de 33 anos que conheceu no site de encontros Meetic.
   Aos 43 anos, Oliveiros trabalha há três anos como software designer numa empresa de telecomunicações. Das entidades empregadoras que lhe abriram a porta, só pode dizer o melhor: " Já tive três chefias diferentes, um irlandês e dois texanos, todos familiarizados com a Síndrome de Asperger, que agradeceram a minha frontalidade quando revelei a minha condição na entrevista."
   Uma surpresa que em nada se compara a algumas reações obtidas no país natal: " Chegaram até a dizer-me 'não queremos gente doida'".
   A postura está nos antípodas da realidade de Silicon Valley, na Califórnia, "onde a incidência de SA nas crianças é de 10 por cento". Ou do universo israelita, em que as forças de defesa requesitam jovens com SA para análise minuciosa de fotos de satélite.
   Oliveiros remata:" Há muito trabalho para dar a um Asperger".


Resultado de imagem para bill gatesÉ um dos "aspies" mais famosos e bem sucedidos: o empreendedor e chairmain da Microsoft ficou na história por liderar a revolução dos computadores pessoais e construir um império à escala global. Também se tornou famoso pela sua faceta filantrópica.


Resultado de imagem para albert einsteinO visionário alemão e Nobel da Física ficou mundialmente famoso pela Teoria da Relatividade. Um século depois, novas descobertas cientificas validaram a sua genialidade.


Resultado de imagem para michael burryO Síndrome de Asperger terá sido crucial para o gestor e investidor de capital, que chefiava a Scion Asset Management, ter conseguido prever a catástrofe financeira à escala global, pouco antes de rebentar a bolha especulativa, como se ilustra no filme A Queda de Wall Street.




O Cantinho Dos Autistas


Créditos: Artigo retirado da Revista Visão Nº 1202







Síndrome de Asperger e Mercado de Trabalho








   Há empresas a fazer recrutamento especializado de pessoas com esta perturbação do espetro do autismo. A tendência está a chegar a Portugal.


   Nem sempre os reconhecemos na rua, mas podemos ter uma ideia do seu mundo interno através do Zé- o jovem com a Síndrome de Asperger (SA) da novela da SIC- ou do mais novo dos filhos da família Braveman, na série Parenthood, onde os atores dão corpo e rosto a quem vive com esta perturbação do espetro do autismo.
   O facto de terem comportamentos repetitivos, dificuldades em interagir socialmente, ou um discurso diferente ou rigidez de pensamento, não impede os diagnosticados com a síndrome de serem adultos felizes e autónomos. As revisões recentes na classificação da perturbação levaram várias associações a questionar se se trata realmente de uma patologia ou se pode ser enquadrada no contexto de neurodiversidade ( como se refere um artigo recente da revista THE NEW YORKER).
   Na prática, alguns empresários que foram pais de crianças com a síndrome tomaram consciência do seu potencial criativo. Enquanto adultos, muitos deles tornaram-se capazes de ocupar altos cargos sem que as suas particularidades sociais façam a menor diferença.
   A ONG dinamarquesa Specialisterne, fundada por Thorkill Sonne, foi a primeira no mundo a investir na inserção profissional de pessoas com Asperger. Seguiu-se a Alemanha, onde a empresa tecnológica Auticon tem dois terços do pessoal diagnosticados no espetro autista a exercer funções de consultoria. Há três anos, no mesmo país a SAP AG também começou a recrutar com bons resultados na eliminação de falhas de software de gestão: não espanta, por isso, que a meta seja atingir um total de 650 efetivos até 2020. Em abril do ano passado, a Microsoft oficializou um programa-piloto com o mesmo fim
   Recursos humanos com este perfil não têm défices cognitivos nem de linguagem e podem apresentar capacidades intelectuais acima da média. Chamam-lhes "aspies", ou autistas de alto nível, e o seu futuro avizinha-se promissor, sobretudo na área da programação e em funções que exigem pontualidade e gestão de detalhes.




     PEQUENAS VITÓRIAS




   "São pessoas com um sentido de humor peculiar e capacidades específicas, que aos outros parecem estranhas, mas com capacidades reflexivas distintas e picos de talento, com uma capacidade de foco acima da média", esclarece Patrícia de Sousa, diretora técnica do projeto Casa Grande, em Lisboa, criado há dois anos para acompanhar jovens diagnosticados com SA em programas de empregabilidade.
   Os 27 que aqui são acompanhados beneficiam de tutoria e aprendem competências em ambiente profissional real. Se comparado com o que se faz lá fora, a resposta da Associação Portuguesa de Síndrome de Asperger (ASPA) é uma gota no oceano, mas Patrícia de Sousa orgulha-se do que já foi conseguido. "Temos protocolos com a REN, a Quinta d'Avó (fábrica de produtos gourmet), o Arquivo de Lisboa e a Accenture, só para citar algumas." Porém, ainda há muito a fazer, confessa a psicóloga da ASPA, já que o envolvimento das empresas ainda se encontra numa fase embrionária:" Temos contactos com a Microsoft Portugal e o nosso grupo clínico colabora com vários centros de neurodesenvolvimento, com a intenção de fazer um levantamento de estímulos perturbadores do ambiente de trabalho (casos do open space) e sugerir alterações que sejam viáveis."


A mudança terá de que passar, também, pela sociedade, ainda pouco informada sobre como é estar na pele de uma pessoa com Asperger.


   Estima-se que existam 40 mil portugueses com a Síndrome de Asperger, na maioria rapazes.




  




O Cantinho Dos Autistas


Créditos: Artigo retirado da revista Visão 1202